Kaká Werá conquista o Prêmio Jabuti 2024 e consolida sua trajetória como voz da literatura indígena brasileira

O escritor, educador e ativista indígena Kaká Werá Jecupé foi reconhecido em novembro de 2024 com o Prêmio Jabuti, a mais importante premiação literária do país. Sua obra Apytama – Floresta de Histórias, publicada pela Editora Moderna, recebeu o 1º lugar na categoria Literatura Juvenil, durante cerimônia no Auditório do Ibirapuera, em São Paulo.

O livro reúne poemas, contos, crônicas e ensaios de autores indígenas de diferentes gerações, promovendo um diálogo entre tradição e contemporaneidade. Sob a organização de Kaká Werá, a antologia apresenta nomes como Daniel Munduruku, Cristino Wapichana, Ademario Ribeiro Payayá e Tiago Hakiy, além de vozes mais jovens como Edson Kaiapó, Auritha Tabajara, Trudruá Dorrico e Márcia Kambeba. 

 

Nascido em São Paulo, em 1º de fevereiro de 1964, Kaká Werá; pertence ao povo Tapuia. Cresceu próximo à aldeia guarani de Tenondé Porã, onde foi batizado com o nome Werá Jecupé por um pajé, na juventude.

Desde então, sua trajetória tem sido marcada pelo compromisso de dar visibilidade à cultura indígena e ao pensamento ancestral. É fundador do Instituto Arapoty, organização dedicada à sustentabilidade, ao empreendedorismo social e ao fortalecimento da cultura indígena. Reconhecido como empreendedor social da Ashoka, também atuou como conselheiro da Bovespa Social & Ambiental e, desde o final da década de 1990, integra o corpo docente da Universidade Holística Internacional da Paz (UNIPAZ).

Como conferencista, já levou sua palavra a países como Reino Unido, França, Estados Unidos, Índia, México, África do Sul e Israel, sempre articulando reflexões sobre diversidade cultural, espiritualidade e sustentabilidade.

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Literatura como caminho de transformação

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Kaká Werá é considerado um dos precursores da literatura indígena no Brasil. Sua obra combina narrativa poética, memória ancestral e reflexão contemporânea, abrindo espaço para que a voz indígena seja ouvida em diferentes campos da sociedade.

Entre suas principais publicações estão:

• Oré Awé Roiru’a Ma – Todas as Vezes que Dissemos Adeus (1994);

• A Terra dos Mil Povos – História Indígena do Brasil Contada por um Índio (1998), referência fundamental para a compreensão do Brasil sob perspectiva indígena;

• Tupã Tenondé (2001), inspirado em tradições orais guaranis;

• As Fabulosas Fábulas de Iauaretê (2007), obra infantojuvenil traduzida e reconhecida em catálogos internacionais;

• O Trovão e o Vento (2016), reflexão sobre o xamanismo tupi-guarani;

• A Águia e o Colibri (2019), em parceria com Roberto Crema;

• Menino-Trovão (2022), publicado com o selo Cátedra UNESCO de Leitura da PUC-Rio;

• Apytama – Floresta de Histórias (2023), obra vencedora do Jabuti.

Além da literatura, Werá também contribuiu para roteiros de televisão, como a minissérie Independências, exibida pela TV Cultura, e participou de montagens teatrais premiadas, a exemplo da peça Morená.

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Impacto e legado

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Com a conquista do Prêmio Jabuti 2024, Kaká Werá fortalece ainda mais sua posição como uma das vozes mais importantes da literatura indígena contemporânea. Sua obra promove o respeito à diversidade cultural, o cuidado com o meio ambiente e a valorização da memória ancestral.

Mais do que escritor, Kaká Werá é um educador e mensageiro de mundos — alguém que articula, por meio da palavra, pontes entre tradição e modernidade, espiritualidade e transformação social.

“Conhecer parte dos povos originários brasileiros por meio das suas palavras cria conexões profundas e duradouras”, relatou recentemente um leitor em comunidade literária online.

O reconhecimento pelo Jabuti não apenas celebra sua trajetória, mas também reafirma a relevância da literatura indígena como espaço fundamental de diálogo e de construção de futuro.

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